O meio natural açoriano só conheceu a ação do homem há apenas cinco séculos.
Segundo as descrições, todas as ilhas eram cobertas de densas florestas constituídas, maioritariamente, por espécies endémicas -“fósseis vivos”- relacionadas com as famílias dominantes da flora europeia Terciária, parcialmente extinta durante as últimas glaciações.
Apesar de toda essa riqueza, existem graves ameaças à vegetação natural, tais como:
- Alteração e destruição de habitats naturais devido a distúrbios
antrópicos;
- Pisoteio e pastoreio dos herbívoros introduzidos;
- Invasão de espécies exóticas, introduzidas com várias finalidades, nomeadamente, proteção de culturas, silvicultura, ornamentação de jardins e estradas.
Nos Açores, o número de plantas exóticas introduzidas é relativamente elevado, sendo que, entre as 1002 espécies existentes, 690 foram introduzidas (68,9%).
Dessas espécies introduzidas, algumas são consideradas infestantes devido ao seu carácter invasor que altera e, muitas vezes, destrói a estrutura das comunidades naturais.
As principais espécies invasoras que, pela sua capacidade de regeneração, já ocupam áreas consideráveis em todas as ilhas são o Pittosporum undulatum (incenso), Hedychium gardnerianum (roca ou conteira), Arundo donax (cana) e Hydrangea macrophylla (hortênsia).
Embora estas espécies se encontrem em todo o arquipélago, verifica-se que algumas apresentam carácter invasor em algumas ilhas específicas. Por exemplo, a espécie Agave americana (babosa) é muito abundante em Santa Maria, a Solanum mauritianum (tabaqueira) é abundante em São Miguel e na Terceira, a Gunnera tinctoria a Leycesteria formosa e a Clethra arborea são muito frequentes e preocupantes em São Miguel.
Estas espécies são uma ameaça séria para a biodiversidade de muitas áreas de vegetação natural da Região. Neste sentido e atendendo às preocupações de proteção e conservação das autoridades competentes, a Direção Regional do Ambiente pretende desenvolver o “Plano Regional de Erradicação e Controlo de Espécies de Flora Invasora em Áreas Sensíveis”, definindo metodologias e estratégias eficazes de erradicação e de controlo das referidas espécies invasoras de acordo com a Proposta de Estratégia Europeia sobres Espécies Exóticas Invasoras, decidida na 23ª Reunião do Comité Permanente da Convenção de Berna, Estrasburgo, de 1 a 5 de Dezembro de 2003.
As plantas exóticas invasoras são reconhecidamente uma das principais ameaças ao meio natural, com enormes custos económicos e cujos efeitos diretos sobre os ecossistemas são:
- Competição com as espécies nativas;
- Hibridação;
- Mudanças nas características físicas e químicas do solo;
- Modificação dos habitats naturais;
- Propagação de pragas e doenças.
Este projeto de conservação ativa “in situ” complementa o Projecto Interreg IIIb “BASEMAC” e engloba-se dentro de uma estratégia de conservação “Ex Situ” em bancos de sementes macaronésicos.
Foi apresentada candidatura ao Projeto Interreg IIIb “LAURUS”, no valor de 428.170,00€, que engloba várias ações previstas neste projeto.