O bloom de cianobactérias hoje observado na Lagoa das Furnas teve, uma vez mais, origem na fertilização de pastos localizados na bacia hidrográfica. A situação, considerada grave pela direcção regional do Ordenamento do Território e dos Recursos Hídricos, obrigou à activação do sistema de arejamento existente na lagoa, com o objectivo de se minimizar o impacte de tal ocorrência.

Para o director regional, João Luís Gaspar,”torna-se necessário e urgente cessar todas as fertilizações na bacia hidrográfica da lagoa das Furnas, ultimamente feitas com adubos minerais, particularmente à base de superfosfato, o que se tem reflectido em concentrações mais elevadas de ortofosfatos, a forma mais mineralizada de fósforo, facilmente assimilada pelo fitoplâncton.”

De acordo com os técnicos da direcção regional, tais procedimentos estão na génese dos blooms constantes de cianobactérias, geralmente dominados por Woronichinia naegeliana e Microcystis aeruginosa, espécies conhecidas como produtoras de toxinas, encontradas nas amostras de água que têm sido recolhidas pelos serviços.

Os nutrientes descarregados na Lagoa ficam no seu interior para o futuro, sendo periodicamente libertados dos sedimentos para a coluna de água em situações de anoxia. Perante tal facto, apenas se pode tentar minimizar o efeito provocado, através do arejamento das camadas de água mais profundas durante os períodos de estratificação térmica.

O Governo está a preparar a revisão do plano de ordenamento da bacia hidrográfica da Lagoa das Furnas, com o objectivo de aumentar o nível de requalificação de toda a zona envolvente da lagoa, definir um novo modelo de gestão para o espaço e impedir a continuação de actos que colocam sistematicamente em causa a melhoria gradual da qualidade da água.