O Secretário Regional da Agricultura e Florestas defendeu a necessidade de os agricultores, as associações, as cooperativas e as indústrias agroalimentares estarem envolvidas e participarem na definição do plano estratégico da Região para a Política Agrícola Comum (PAC) pós 2020, que deverá estar concluído até ao final do primeiro semestre de 2019.

“Precisamos do envolvimento de todos para termos um bom plano estratégico para a futura PAC, que garanta o crescimento da agricultura, a melhoria do rendimento e o reforço do nosso desenvolvimento económico e da coesão social”, afirmou João Ponte, que falava num debate sobre os desafios da agricultura na ilha do Faial, que contou com mais de uma centena de participantes.

João Ponte salientou que a próxima PAC terá que garantir a renovação geracional, com incentivos que facilitem a saída das gerações com mais idade, melhorar o regime de apoio à primeira instalação, apoiando os jovens de forma “mais simples e orientada”, e facilitar a transferência de terra.

Por outro lado, considerou ser imperativo que a próxima PAC promova o apoio ao investimento em investigação e inovação, reforce as medidas de apoio à produção de leite biológico e garanta mais meios para que a diversificação agrícola cresça.

Assegurar uma melhor posição dos agricultores na cadeia de abastecimento alimentar e criar medidas objetivas, como a regulação de boas práticas, impedindo práticas desleais de comércio, são também aspetos que devem merecer maior atenção na próxima PAC.

João Ponte afirmou ainda que, para a competitividade do setor agrícola no Faial e nas restantes ilhas de arquipélago, é fundamental ter “uma PAC forte e programas POSEI e PRORURAL+ com dotações robustas, que contribuam para vencer os desafios do setor agrícola”.

Relativamente ao setor do leite na ilha do Faial, o Secretário Regional destacou a importância desta fileira para a economia e para o desenvolvimento local.

Nesse sentido, referiu que a receita bruta da produção de leite pelos agricultores do Faial representou, em 2017, cerca de três milhões de euros e só a venda de produtos da CALF, no último ano, foi de 3,8 milhões de euros, enquanto as ajudas do POSEI e PRORURAL+ totalizam 3,2 milhões de euros.

“Estes valores demonstram bem o peso do setor agrícola para a ilha do Faial e implica-nos a todos a continuarmos a trabalhar, de forma articulada, para que seja possível aumentar a competitividade e o rendimento de todas as partes envolvidas na cadeia”, frisou.

Referindo-se especificamente à evolução do preço do leite pago ao produtor na ilha do Faial, João Ponte afirmou que o diferencial em relação ao preço médio pago na Região em 2017 foi de 3,3 cêntimos, mas, se recuar até 2012/2013, a diferença era 4-5 cêntimos, logo tem existido uma evolução, ainda que não seja tão rápida quanto o desejável.

“Apesar do Governo Regional reconhecer este esforço de aproximação, verificamos que a situação particular da CALF não tem permitido uma recuperação do preço mais célere”, disse João Ponte, que desafiou os produtores de leite do Faial a continuarem a acreditar no futuro do setor, assegurando que, da parte do Governo dos Açores, vai continuar a merecer todo o apoio.

O titular da pasta da Agricultura, que falava perante agricultores e dirigentes do movimento associativo e cooperativo da ilha do Faial, frisou que a indústria de lacticínios tem que concentrar as suas capacidades e ações na inovação e na valorização das suas produções e na conquista de novos mercados, pois só assim será possível aumentar o rendimento de toda a fileira do leite.