A Direção Regional dos Assuntos do Mar implementa, desde 2019, o projeto IMPLAMAC, com o objetivo de criar um observatório para avaliar os potenciais impactos dos microplásticos e contaminantes emergentes na orla costeira das ilhas.
Este projeto reúne os quatro arquipélagos da Macaronésia - Canárias, Cabo Verde, Madeira e Açores - e visa a criação de um programa de monitorização de microplásticos em praias e na superfície da água, permitindo assim a identificação de quais as zonas que apresentam maiores concentrações destes poluentes. No âmbito do IMPLAMAC, realizam-se também estudos sobre a incidência de microplásticos em algumas espécies de peixes comerciais. Em paralelo, desenvolvem-se ações de divulgação pública, formação e educação ambiental sobre a problemática da poluição por plásticos na região.
Nos Açores, o projeto IMPLAMAC vem completar e apoiar outros programas de monitorização do lixo marinho já existentes e implementados, pela Direção Regional dos Assuntos do Mar, desde 2016, e desenhados para responder às exigências da Diretiva-Quadro Estratégia Marinha (DQEM) e a Convenção OSPAR. Na Região, estes estudos científicos têm sido liderados pelo responsável principal desta linha de investigação, Christopher Pham, membro do OKEANOS (Instituto de Investigação em Ciências do Mar da Universidade dos Açores), que desenvolve o seu trabalho em parceria com a Direção Regional dos Assuntos do Mar e com o apoio permanente dos Parques Naturais de Ilha, que contribuem mensalmente com a recolha rigorosa de amostras nas praias selecionadas.
Desde 2016 que são recolhidas amostras mensais em treze praias de areia, em sete ilhas dos Açores (Calheta-Flores, Conceição-Faial, Milícias-São Miguel, Pedreira-São Miguel, Praia-Terceira, Prainha de Angra do Heroísmo-Terceira, Praia da Areia-Corvo, Praia da Maia-São Miguel, Praia da Vitória-Terceira, Praia do Norte-Faial, Porto Pim-Faial, Almoxarife-Faial e São Lourenço-Santa Maria). Neste âmbito, a DRAM equipou os Parques Naturais de Ilha com crivos de malhas específicas e outro equipamento, de forma a garantir que a recolha de amostras de microplásticos é realizada sistematicamente e com rigor científico. Este programa de monitorização resulta assim de uma cooperação ativa entre a Direção Regional dos Assuntos do Mar, os Parques Naturais de Ilha e a comunidade científica regional.
Os resultados obtidos até agora revelam que a densidade de microplásticos nas diferentes praias é muito variável. É na Praia do Porto Pim (no Faial) que se verificam os valores mais elevados de microplásticos, provavelmente como consequência das condições morfológicas e hidrológicas do local. As densidades encontradas nessa praia chegam a máximos de 5 000 itens por metro quadrado na linha da maré e foram já registadas áreas da zona inferior da duna excedendo os 15 000 itens por metro quadrado. Estes valores situam-se entre os mais elevados registados para praias de ilhas oceânicas do Atlântico e não só.
O projeto IMPLAMAC tem uma duração de três anos e é cofinanciado pelo programa Europeu Interreg MAC 2014-2020, com uma dotação para a Região Autónoma dos Açores de 162 516 euros.