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Estudo Sobre Gravidez e Maternidade na Adolescência nos Açores

 

Conclusão

A complexidade dos processos que precedem e se sucedem à gravidez e maternida-de adolescente não se compraz, como se depreende, com intervenções desconexas e ocasio-nais. É fundamental a coordenação de vários níveis de intervenção e a criação de sinergias entre instituições e grupos de técnicos, para que se implantem medidas específicas, adequadas à realidade e eficazes na concretização dos objetivos que lhes presidirem.

Alguns fatores associados a estes processos são relativamente concretos e, se lhes forem dirigidas medi-das apropriadas, os resultados poderão ser visíveis a médio prazo; porém, como ressalta dos resultados deste trabalho, muitas das dimensões que concorrem para as elevadas taxas de gravidez adolescente nos Açores são de carácter estrutural, e implicam a mudança de cultura, comportamentos, crenças e valores longamente enraizados.

É necessário ter em conta que estes fatores são resistentes à mudança, e só através de um esforço longo e coordenado o objetivo de diminuir este problema social poderá ir tomando forma. A concretização deste estudo é um passo relevante para o confronto de um problema social evidente e merecedor de atenção, pelos riscos presentes e futuros que implica. Ao permitir conhecer e caracterizar de modo mais vasto os contextos subjacentes à ocorrência da gravidez e à adaptação à maternidade adolescente nos Açores, pode constituir um instru-mento crítico para impulsionar medidas de prevenção.

O seu impacto pode ainda ser maximi-zado se for seguido por outros instrumentos que ajudem à sensibilização e divulgação de dados e informações essenciais para quem profissionalmente se confronta com o problema ou lida com estas jovens e as suas famílias. Será importante a construção de materiais de informação/divulgação, dirigidos quer às utentes, quer aos vários grupos de técnicos que deverão ser chamados a atuar numa lógica de prevenção, seja ela primária, como é desejável, ou secundária e terciária (também importante para não perpetuar ciclos relacionais disruptivos); estes materiais, que poderão ser distribuídos em centros de saúde, escolas e outras instituições, poderão assumir duas formas: 1) Informação para uma educação sexual abrangente e integrada (sexualidade, pla-neamento familiar, mas também educação para os afetos, aspetos relacionais, etc.); 2) pequeno livro dirigido às grávidas adolescentes, com informação sobre a gravidez e primeiros cuidados emocionais ao bebé.

A formação dos técnicos que atuam/atuarão no terreno deve ser igualmente alvo de atenção cuidada, pois existem especificidades que devem ser conhecidas e estratégias que necessitam de preparação cuidada e implementação coordenada, para maximizar a probabilidade de sucesso. Por último, é importante definir objetivos e critérios operacionalizáveis para avaliar o sucesso ou insucesso de possíveis intervenções, e promover a monitorização e avaliação contínua das estratégias selecionadas, mantendo uma estreita ligação à investigação científica – uma vez que estamos a lidar com processos dinâmicos, é importante acompanhar as tendências e mudanças, por vezes subtis, que se registarão, acompanhando outras manifestas ao nível político, económico e social. Enquanto responsáveis por este trabalho, manifestamos disponibilidade para auxiliar a implementação destas medidas e das estratégias propostas.

 
 
 
 


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