A Secretária Regional da Energia, Ambiente e Turismo sublinhou, em Ponta Delgada, a importância do intercâmbio e da partilha de experiências no terreno entre os territórios da Macaronésia nas políticas de paisagem.
Marta Guerreiro, que falava segunda-feira no encerramento do IV Congresso Mundial ITLA - Territórios de Terraços e Socalcos, salientou que esta iniciativa, depois de ter passado pelas Canárias e pela Madeira, centrou-se agora nos Açores, nos últimos dias, “dando continuidade a um importante trabalho sobre a situação atual dos socalcos nos territórios da Macaronésia”.
“Este é um tema bastante pertinente na construção da paisagem, na forma de torná-la habitável e na sua integração nas condições de vida das populações das nossas regiões, com tantas particularidades em comum”, frisou.
Segundo a governante, “são congressos como este que permitem a aproximação entre regiões que tanto têm em comum e tanto têm para beneficiar com estas iniciativas, que evidenciam as caraterísticas identitárias de cada uma das nossas regiões e ilhas tão particulares”.
A titular da pasta do Ambiente reforçou que, através das políticas públicas de incidência territorial, os Açores têm dado “passos firmes na preservação do património natural e cultural”, ao mesmo tempo que apostam “num desenvolvimento sustentado”.
Marta Guerreiro lembrou a implementação “de um diploma pioneiro que define os objetivos de qualidade e as orientações para a gestão da paisagem dos Açores, enquanto recurso relevante, tanto na perspetiva ambiental, como social, cultural e económica”, sendo “um passo importante na afirmação da paisagem como uma componente importante para o bem-estar coletivo e o desenvolvimento sustentável dos Açores”.
A Secretária Regional destacou a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, que venceu o Prémio Nacional da Paisagem de 2018, bem como a ilha de Santa Maria, que integrou o programa de visitas no terreno deste congresso.
Marta Guerreiro considerou que a baía de São Lourenço e a da Maia são “verdadeiros 'ex-libris' em termos paisagísticos” por serem paisagens “com uma forte inter-relação Homem/Natureza dada a grandeza das encostas em anfiteatro, muito marcadas pela presença das vinhas em pequenos quartéis e socalcos, acessíveis por estreitos caminhos e escadarias ao longo das íngremes encostas”.
“Sempre que o declive o permite, surgem aqui pequenas parcelas de terreno armado em socalcos, que, no passado, deram um contributo económico relevante para a ilha e que conferem à paisagem uma intensa humanização”, lembrou Marta Guerreiro.
“Apesar do seu progressivo abandono por razões económicas e falta de mão-de-obra, atualmente estamos a começar a desenvolver um processo de recuperação dos quartéis e socalcos em Santa Maria, valorizando assim esta paisagem vitivinícola”, afirmou a Secretária Regional.