Os resultados obtidos nas duas primeiras campanhas de monitorização de 2009, no âmbito do estudo da toxicidade associada aos desenvolvimentos de cianobactérias nas lagoas do Fogo, Congro, São Brás, Canário, Empadadas, Sete Cidades e Furnas, desenvolvido pela Universidade Nova de Lisboa em colaboração com a Direcção Regional do Ordenamento do Território e dos Recursos Hídricos, comprovam a existência de toxinas de cianobactérias em todas as lagoas de São Miguel que foram objecto do presente estudo.
Com efeito, já era conhecida a ocorrência de cianobactérias nestas massas de água, embora em algumas delas, como a Lagoa do Fogo, ainda não foi reportada a presença daqueles organismos em densidades características de “bloom”.
Os resultados deste estudo mostram que, mesmo na ausência de fluorescências de grande intensidade, basta a presença de cianobactérias pertencentes a géneros conhecidos como toxigénicos para que sejam encontradas toxinas nas massas de água.
As concentrações destes compostos nas massas de água em estudo, com excepção da lagoa das Empadadas, foram significativamente mais elevados no Inverno do que na Primavera. Os casos mais preocupantes foram detectados na Lagoa das Furnas, onde o valor atingido foi excepcionalmente elevado.
Relativamente aos resultados do estudo, é de salientar o facto de na lagoa das Furnas se confirmar a tendência já detectada em 2008 para um aumento da concentração de microcistinas na água, ao longo de todo o ano.
O caso mais paradigmático apontado no estudo refere-se à lagoa das Sete Cidades em que, apesar de terem sido detectados “blooms” de cianobactérias na lagoa Azul nas duas amostragens efectuadas, a produção de toxinas nesta massa de água não foi tão acentuada como na Lagoa Verde, adjacente a ela, e que até registou densidades menos elevadas daqueles microrganismos.
Os motivos porque se regista tão grande disparidade de valores não são ainda conhecidos, mas o estado trófico das lagoas, a sua localização e outros condicionalismos ambientais, como as alterações climáticas a nível global, poderão estar subjacentes a estas constatações.
Estes comportamentos, aliados ao facto de uma espécie como a Woronichinia naegeliana, dominante nos “blooms” ocorridos este ano na lagoa das Furnas, originar uma elevadíssima produção de toxinas nesta lagoa quando, por outro lado, em condições idênticas e por vezes até em densidades mais elevadas, como as observadas na lagoa das Sete Cidades (entre 2000 e 2004) apresentar toxigenecidade significativamente mais baixa.
Estas aparentes contradições são de difícil explicação, o que torna imprevisível a ocorrência de “blooms” nestas lagoas. No entanto, a potencial toxicidade desta florescências é real, o que justifica o acompanhamento futuro destas massas de água no sentido de melhorar a dinâmica das populações de cianobactérias e o risco associado ao seu desenvolvimento explosivo.
Por último, os motivos porque se regista tão grande disparidade de valores não são ainda conhecidos, mas o estado trófico das lagoas, a sua localização e outros condicionalismos ambientais, como as alterações climáticas a nível global, poderão estar subjacentes a estas constatações.