O Diretor Regional dos Assuntos do Mar afirmou, nas Lajes do Pico, que “a minimização dos efeitos negativos da poluição luminosa é um ponto central” para a saída, em segurança, dos cagarros juvenis dos seus ninhos para o seu primeiro voo atlântico.
Nesse sentido, e à semelhança de anos anteriores, Filipe Porteiro sublinhou que “foram tomadas medidas para a redução da iluminação pública, principalmente nos locais identificados anteriormente como sendo os mais críticos”, contando com a colaboração das entidades responsáveis por pontos de poluição luminosa, nomeadamente autarquias, a EDA e a Portos dos Açores.
O Diretor Regional, que falava, sexta feira à noite, na sessão de encerramento da Campanha SOS Cagarro 2017, fez o balanço da edição deste ano, em que foram salvos em todo o arquipélago 2839 cagarros.
Segundo dados recolhidos, durante a campanha deste ano, que decorreu entre 15 de outubro e 22 de novembro, procedeu-se à anilhagem de 1000 aves, tendo sido registados 128 cagarros mortos e 55 feridos.
Realizaram-se 450 brigadas SOS Cagarro, envolvendo cerca de 246 parceiros e mais de 3000 pessoas, entre voluntários e público-alvo de ações de sensibilização.
Este ano deu-se continuidade às brigadas científicas, iniciadas em 2016, em colaboração com a Universidade dos Açores, os Parques Naturais de Ilha, organizações não governamentais e outras entidades e cidadãos que aderiram a esta iniciativa de ciência pública, tendo sido realizadas, no total, 56 brigadas.
O Diretor Regional destacou a importância destas brigadas que permitem recolher “informação mais precisa e útil para estudar cientificamente a relação entre a queda de cagarros juvenis com as fontes de luminosidade existentes, entre outras variáveis”.
À semelhança de anos anteriores, para além da anilhagem de aves, para facilitar o estudo da espécie e aferir se regressam aos Açores, desenvolveram-se iniciativas de recuperação de aves feridas, incluindo a transferência de aves feridas para centro de reabilitação.
Algumas das aves encontradas mortas foram recolhidas e conservadas, em colaboração com a Lotaçor, com o objetivo de se estudar o seu conteúdo estomacal e compreender melhor de que forma esta espécie está a ser afetada pelo lixo marinho.
Filipe Porteiro referiu ainda que a campanha deste ano, tal como em 2016, “assumiu-se como uma atividade participativa de ecoturismo, promovendo os Açores como destino sustentável, através de ações inclusivas de conservação ambiental”.
Nesse sentido, e em parceria com a Associação de Turismo dos Açores (ATA), os agentes turísticos da Região foram sensibilizados para divulgarem esta iniciativa, incentivando os turistas a participar ativamente na campanha, contribuindo para a proteção desta ave marinha.
Com mais de duas décadas, o SOS Cagarro, que visa alertar a população para a necessidade de preservação desta espécie protegida que nidifica nos Açores, é considerada um caso de sucesso de participação cívica no âmbito da conservação da natureza.
Esta campanha é organizada pela Secretaria Regional do Mar, Ciência e Tecnologia, através da Direção Regional dos Assuntos do Mar, com o apoio da Direção Regional do Ambiente e de parceiros institucionais como os Parques Naturais de Ilha e a Azorina.
Esta iniciativa conta com a colaboração da Polícia de Segurança Pública, da Guarda Nacional Republicana, das corporações de bombeiros do arquipélago, dos veterinários dos Serviços de Desenvolvimento Agrário e de veterinários particulares e ainda com o apoio das Organizações Não Governamentais de Ambiente, nomeadamente o Observatório do Mar dos Açores, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), a Gê-Questa, o Centro de Ciências de Angra do Heroísmo, os Montanheiros, os Amigos dos Açores, os Amigos do Calhau, e ainda com a parceria da Atlânticoline e Rent-a-Car Ilha Verde.