O Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia afirmou hoje, em Rabo de Peixe, que a obra de proteção e requalificação costeira que vai ser realizada nesta vila do concelho da Ribeira Grande “será essencial para travar o mar”, que constitui o principal fator de erosão naquele local.
Fausto Brito e Abreu, que falava na apresentação do projeto de proteção da orla costeira da arriba da Rua de São Sebastião, salientou que esta obra se enquadra “numa série de intervenções” que o Governo dos Açores tem promovido na freguesia desde 2011.
Com esta obra, que terá um valor de 3,3 milhões de euros, o Governo dos Açores pretende estabilizar a base da arriba através de uma proteção em enrocamento com uma extensão de 350 metros, de modo a diminuir a erosão causada pelo mar nesta encosta.
Estão também previstos trabalhos na vertente da falésia, bem como na crista da arriba, designadamente a impermeabilização dos terrenos desocupados onde se situavam os imóveis demolidos no ano passado.
Brito e Abreu afirmou que, apesar do mar ser responsável pela remoção da zona mais permeável da falésia, junto à sua base, existem outros fatores adicionais de erosão, nomeadamente águas escorrenciais, das chuvas e dos esgotos pluviais, bem como a própria instabilidade geológica da falésia.
Esta obra prevê ainda a construção de um descarregador de águas pluviais, competindo à Câmara Municipal da Ribeira Grande assegurar a ligação das casas da Rua de São Sebastião ao sistema de esgotos domésticos, eliminando o uso de fossas sépticas.
Na sua intervenção, o Secretário Regional anunciou ainda o arranque, nos próximos dias, “da obra de consolidação e de impermeabilização da crista da arriba na zona que está mais fragilizada desde as derrocadas de junho” deste ano, que corresponde a um investimento de 130 mil euros.
Esta primeira intervenção pretende criar uma “cortina de contenção” que impedirá, naquela zona, recuos da falésia por deslizamentos em cunha, garantindo “a segurança da estrada e das casas que ficaram mais próximas da borda da falésia depois da última derrocada", além de permitir melhores condições de segurança para a realização dos trabalhos previstos na base da falésia.
“Num século em que vamos enfrentar alterações climáticas e eventos meteorológicos extremos com maior frequência, esta é uma obra essencial”, afirmou Brito e Abreu, referindo que, com este tipo de intervenções, “compramos tempo, porque a erosão continuará a ocorrer a um ritmo mais lento”.
O titular da pasta do Mar salientou ainda que a falésia onde se situa a Rua de São Sebastião está a ser monitorizada pelo Laboratório Regional de Engenharia Civil (LREC), não havendo necessidade de realojar os moradores neste momento, mas acrescentou que “é importante não se continuar a licenciar casas em zonas de risco”.
Fausto Brito e Abreu afirmou que este projeto define “uma solução que, do ponto de vista ambiental, respeita a paisagem e que não a impede a realização de outras obras no futuro”.
A zona da falésia de Rabo de Peixe onde está situada a Rua de São Sebastião está já a ser intervencionada desde 2015 por parte do Governo dos Açores, tendo-se procedido à demolição de mais de duas dezenas de imóveis em risco, à retirada do passeio do lado norte e à construção de um muro, bem como à imposição de restrições ao trânsito naquela rua, seguindo as recomendações do LREC.
Audio:
2016.09.12-SRMCT-PrimeiraIntervencaoRaboPeixe.mp3
2016.09.12-SRMCT-RaboPeixeFatoresErosao.mp3