Aquando da aquisição das explorações agrícolas a maioria das pastagens tinha uma gestão semi-intensiva, com fertilizações frequentes e exageradas. As análises de solos iniciais demonstraram o quão absurdo eram as fertilizações, com valores de fósforo por vezes na ordem das 160 ppm (método de Olsen), quando valores considerados muito elevados são da ordem dos 30 ppm. Era necessário reverter esta situação, pois a precipitação frequente e abundante, típica das pastagens de altitude das Furnas, tem o poder de arrastar estes nutrientes para as linhas de água e consequentemente contribuir para a eutrofização da massa de água da lagoa. Para tal foram realizadas diversas iniciativas, sendo das mais relevantes a sementeira com trevos.
A realização de sementeiras ricas em trevos em algumas das pastagens mais carregadas com fósforo, permitiu que estas leguminosas captassem azoto da atmosfera que é depois partilhado com o resto da vegetação circundante. Tendo em conta que o azoto era o fator limitante na produção de matéria seca, que era importante estimular para que se conseguisse exportar dos solos o fósforo em excesso, e desde a compra dos terrenos nunca foram feitas qualquer tipo de fertilizações, esta foi a via de providenciar à pastagem o nutriente em falta sem prejuízo ambiental. Conseguiu-se assim iniciar o longo processo de empobrecimento destes solos em fósforo, através da venda da produção e venda de 4500 toneladas de silagem de erva em rolos, desde o início do projeto até à data (01.11.2012).
Houve simultaneamente um enriquecimento paisagístico, pois as sementeiras trouxeram cores e formas esquecidas nas paisagens açorianas. Foram usados trevos (encarnado, violeta e branco) e lotus (flores amarelas) que culturalmente fizeram parte da gestão agrícola, no tempo em que não se utilizavam adubos químicos e se faziam rotações de culturas para reposição dos nutrientes. As sementeiras destes trevos foram realizadas manualmente numa das pastagens com 13 ha, de forma a permitir a criação de faixas com 25 m de largura e 500 m de comprimento. A alternância destas faixas coloridas que atraiu abelhas e borboletas, contribuiu para que a Associação de Fotógrafos Amadores dos Açores, tivesse acedido ao convite de vir fotografar o local durante os períodos de floração.
Este melhoramento das pastagens teve também benefícios económicos. Durante os cinco anos de implementação do projeto foram produzidos 6500 rolos de silagem. A produção que tem sido realizada nas pastagens mais planas, onde é possível fazer uma gestão mecanizada, culmina com a sua venda através de uma parceria com a Associação Agrícola de São Miguel. Esta é uma larga fonte de receita para o projeto. Houve também a diversificação de atividades económicas com a criação de uma parceria com o apicultor residente na freguesia das Furnas, que instalou as suas colmeias nestas pastagens floridas e cujos produtos (mel e doces) são vendidos na loja do CMIF.
Decorreram também várias atividades lúdicas como forma de potenciar o ecoturismo nestas amplas áreas de pastagem. O golfe rústico Açoriano uma das atividades mais animadas em que, numa parceria com a Delegação de Turismo de São Miguel, golfistas locais e estrangeiros vieram jogar esta variante açoriana do pitch & putt com diversos “buracos” dispersos por 20 ha de pastagem recentemente cortada, onde pequenas manchas de trevos criavam os bunkers. Simultaneamente decorreram aulas dadas por um profissional de golfe para o grupo de jovens das Furnas, em que muitos tiveram pela primeira vez a oportunidade de dar umas longas tacadas.